Mudanças ambientais ameaçam as abelhas sem ferrão

28/01/2021 17:29

Ocorrência das 10 espécies estudadas. Clique na imagem para visualizá-la em tamanho maior.

Todos sabem que as abelhas nativas são importantes polinizadoras de plantas silvestres e cultivadas. Mas poucos sabem que a polinização é responsável por um aumento anual de mais de 3 trilhões de reais na produção agrícola! Infelizmente, muitas espécies de abelhas estão ameaçadas pelas alterações ambientais causadas pelo homem. Esse fenômeno é muitas vezes chamado de distúrbio do colapso das colônias, e se refere ao desaparecimento de populações de abelhas em determinadas regiões do mundo.

Reconhecer quais fatores influenciam o desaparecimento de abelhas é importante para que medidas sejam tomadas para que elas e seu papel sejam conservados. Recentemente, nosso grupo avaliou as mudanças no uso do solo dentro da faixa de distribuição de 10 espécies de abelhas sem ferrão nativas do Brasil. Como sabemos, a conversão de ambientes naturais para uso urbano ou agrícola pode afetar negativamente muitas espécies. Além disso, avaliamos os efeitos das mudanças climáticas sobre a distribuição dessas espécies, e a eficiência das áreas de proteção ambiental na conservação das abelhas.

Mudanças na distribuição das 10 espécies de abelhas sem ferrão estudadas. Clique na imagem para visualizá-la em tamanho maior.

Nós descobrimos que nas últimas décadas ocorreu um aumento da área agrícola e uma redução nas áreas naturais dentro da faixa de distribuição das espécies estudadas. Esse resultado indica que espécies mais suscetíveis a alterações ambientais podem apresentar uma redução na quantidade de colônias. Além disso, nossos modelos previram que sete das dez espécies estudadas terão uma redução na área considerada climaticamente adequada até 2070. Para piorar a situação, a rede áreas protegidas existentes atualmente não é suficiente para conservar as áreas climaticamente adequadas para as abelhas sem ferrão.

Esses resultados mostram que medidas precisam ser adotadas para conservar essas espécies essenciais a manutenção dos ecossistemas e produção agrícola. O artigo na íntegra foi publicado na revista internacional Regional Environmental Changes, e pode ser acessado clicando aqui.

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