Temperatura e pragas agrícolas

12/10/2020 10:27

Animais como os mamíferos e as aves são capazes de regular a sua temperatura corporal.  No nosso caso, independentemente de ser verão ou inverno, a temperatura do corpo de uma pessoa sadia estará próxima a 36,5 ºC. Se a temperatura do corpo variar muito abaixo desse valor, existe o risco de hipotermia, se ela atingir valor acima de 37,8 ºC, a pessoa apresenta febre. Ambas as situações podem levar uma pessoa à morte.

Mas nem todos os animais tem a capacidade de regular a temperatura do corpo como os mamíferos e aves. Os insetos, por exemplo, tem a temperatura do corpo próxima a temperatura ambiente. Por esse motivo, a temperatura é muito importante para o ciclo de vida desses animais. Quanto maior é a temperatura, mais rápido é o metabolismo do inseto e, consequentemente, mais rapidamente ele se desenvolve. E quanto maior a velocidade de desenvolvimento de um inseto, mais rapidamente a sua população aumenta. Se o inseto for uma praga agrícola, quanto maior for a sua população na lavoura, maior será o dano causado e os prejuízos para o produtor.

Resumo gráfico do estudo conduzido pelo NEMI.

Tendo em vista essa relação dos insetos com a temperatura, nosso grupo de pesquisa estudou como a lagarta das vagens (Spodoptera eridania), uma importante praga de diversas culturas agrícolas, responde a diferentes temperaturas. Observamos que a 15ºC o tempo de desenvolvimento dessa espécie é de 120 dias. Quando a mesma espécie é mantida a 32ºC, o tempo de desenvolvimento diminui para apenas 25 dias! Além disso, nesse estudo utilizamos modelos matemáticos para entender a relação entre a temperatura e o desenvolvimento da lagarta das vagens. Juntamente com dados de temperatura diários, esses modelos podem ser utilizados para prever a ocorrência da lagarta das vagens em campo, auxiliando o produtor no manejo dessa praga.

O artigo intitulado Temperature-dependent development models describing the effects of temperature on the development of Spodoptera eridania é resultado do primeiro capítulo da dissertação do mestre Fábio Sampaio, e foi publicado na revista internacional Pest Management Science. Em breve publicaremos um artigo sobre como as mudanças climáticas afetarão a lagarta das vagens no sul do Brasil.

Aguardem novas informações!

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